Médicos querem que todos sejam vacinados

Diretoria da AMP, CRM, sociedades científicas e secretarias Municipal e de Estado da Saúde alinham discurso com relação à gripe H1N1

A diretoria da Associação Médica do Paraná (AMP) recebeu, ontem, representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM/PR), Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba e sociedades científicas de Infectologia, Pneumologia e Pediatria. O objetivo do encontro foi para passar, de forma conjunta, as orientações sobre novos procedimentos relativos à gripe H1N1. Esses esclarecimentos devem chegar aos quase 17 mil médicos do Paraná e, através deles, chegar também à população.

A vacinação foi o principal assunto discutido na entrevista coletiva, na sede da AMP. As informações foram prestadas pelo presidente da AMP, José Fernando Macedo; o presidente do CRM/PR, Miguel Ibrahim Hanna Sobrinho; o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin; a superintendente de Gestão da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Eliane Chomatas; o diretor do Núcleo de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Moacir Gerolomo; e os presidentes das Sociedades Científicas de Infectologia, Alceu Fontana Pacheco Júnior; de Pneumologia, Leda Maria Rabelo; e de Pediatria, Gilberto Pascolat.

Todos esses representantes foram unânimes em afirmar que os grupos, indicados pelo Ministério da Saúde, para receber a vacina deverão ser vacinados. Outro ponto em comum entre os profissionais foi o de que não há motivo para alarme ou boatos com relação à eficácia da vacina.

Detalhes
O presidente da AMP, José Fernando Macedo, e o presidente do Conselho Regional de Medicina, Miguel Ibrahim Hanna Sobrinho, começaram a coletiva dizendo que se apresentam totalmente favoráveis à vacinação de todos os brasileiros, sem excluir faixa etária ou classe social. Macedo enfatizou que, mesmo com a possibilidade de a vacina estar à venda a partir de abril nas casas de vacinação privadas, muitas pessoas serão excluídas por falta de condições financeiras. “Podemos criar outro grupo de risco, ao excluir pessoas que tiveram menor índice de contágio no ano passado, porque ao deixarem de ser imunizadas, ficarão mais suscetíveis à gripe H1N1”, completou Hanna Sobrinho.

O secretário de Saúde do Estado deixou claro que em um primeiro momento a secretaria estadual terá como foco a vacinação de acordo com a determinação do Ministério da Saúde. “Vamos vacinar os cinco milhões de paranaenses que foram classificados como grupo de risco e continuar o trabalho de incentivo à prevenção da gripe A”, declarou Martin ao dizer que também é favorável à vacinação universal. O Paraná recebeu 167 mil doses da vacina no primeiro lote e no segundo 263 mil.

Segundo a superintendente de Gestão da Secretaria Municipal da Saúde, Eliane Chomatas, o papel do município é executar a distribuição e organizar o processo de vacinação, em Curitiba. Até agora, na cidade, já foram atendidos cerca de 20 mil profissionais da área de saúde. “Em um primeiro momento, estamos vacinando as pessoas que trabalham na linha de frente nos hospitais públicos e privados e nas unidades de saúde, porque ficaram mais expostas ao vírus no ano passado”, esclareceu Eliane, ao enfatizar que todos deverão ser vacinados.

Efeitos colaterais
Outro ponto bastante discutido na coletiva foram as reações da vacina contra a gripe H1N1. Segundo o presidente da Sociedade de Epidemiologia, da AMP, Alceu Fontana Pacheco Júnior, as únicas pessoas que não podem tomar a vacina são as alérgicas a ovo e bebês com até seis meses de vida. Quanto aos efeitos colaterais, são os mesmos que qualquer vacina pode apresentar nas primeiras horas: sintomas leves de gripe.

Indivíduos que doaram sangue devem esperar 48 horas antes de ser vacinado. “A vacina tem 95% de eficácia e é o meio seguro para combater uma nova pandemia”, completou Pacheco ao acrescentar que o material é composto por vírus morto ou partículas do vírus, portanto, não tem risco de manifestação da doença.

Perspectivas
A expectativa é de que a segunda onda da gripe A venha com mais força porque o vírus já está circulando no meio ambiente. No Paraná, de acordo com o boletim de controle da doença, publicado nesta segunda-feira pela Sesa, foram confirmados 459 casos da gripe H1N1 e sete óbitos, este ano.

Diante de tais situações, o presidente da AMP, José Fernando Macedo, disse que as sociedades médicas se mobilizarão junto à classe política para conseguir que o Ministério da Saúde contemple toda a população brasileira para que seja vacinada contra a gripe H1N1.

Ele concluiu ressaltando a importância de todos continuarem os cuidados tomados no ano passado para que a doença não se prolifere novamente. “Não podemos nos esquecer de lavar as mãos várias vezes ao dia e em seguida utilizar álcool gel, e evitar lugares fechados, sem nenhuma ventilação”, alertou.