31/10/2012

FURACÃO SANDY: A SUPREMACIA DA NATUREZA

“Com a natureza não se brinca”. Esta frase todos nós já ouvimos e, na grande maioria das vezes, soa como palavras ao vento. O Brasil, como se costuma dizer, é um país “abençoado por Deus”pois, com exceção das “águas de Março”, não tem as rajadas nervosas da natureza como furacões, tornados e terremotos e suas nefastas consequências. Quando cheguei nos EUA há anos mais de 6 anos, enfrentei logo nas primeiras semanas os furacões Katrina e Wilma. Como um ignorante, achei uma aventura ver da janela da minha casa a chuva quase na horizontal, um vento que soprava e “cantava”uma orquestra sinfônica. No meio da tempestade, ainda me arvorei a dar uma “saidinha” de dois metros para aumentar a adrenalina aventureira. No dia seguinte, aliás um dia maravilhoso, não acreditava na destruição que estava vendo. O furacão Sandy que, neste momento, atinge o nordeste americano é algo para bater vários recordes. É fruto de uma convergência rara de fatores climáticos: desde expressões típicas de meteorologistas como baixa pressão e ventos anti-ciclonais, até uma frente fria vinda do oeste (trazendo inclusive neve nos estados vizinhos) e noite de lua cheia. Tudo isso acaba propiciando aumento de vento e do nível das águas. O diâmetro da tempestade vai deste o estado da Carolina do Norte até o Maine. Os números começam a chegar na mídia: Para ficar só com NYC, a água na região do Battery park (parte sul da ilha de Manhattan) já subiu 13 pés, mais de 3 milhões sem energia, algumas mortes em Manhattan e alagamento para todos os lados. É possível que os túneis recebam as indesejadas águas, assim como as estações de metrô. Se isso ocorrer, os prejuízos e transtornos serão incalculáveis já que milhões usam o transporte público diariamente, sem contar que estamos nos referindo a águas salgadas que atingem as encrenagens. NYCComo tudo aqui é imediatamente medido em cifrão, já se fala, por baixo, em um prejuízo de 6 bilhões de dólares. O prédio onde fica o New York Stock Exchange já tem 3 pés de água no térreo do prédio. As primeiras reações é que a bolsa pode não abrir nos próximos dias. O transtorno é (e continuará sendo por dias ou semanas) enorme e não há ser vivo na região do nordeste americano que viu algo como o que agora está acontecendo. Quantos cabos elétricos estão sendo afetados. Explosões já foram noticiadas. E as consequências são inúmeras em várias frentes. Para aqueles que conhecem NYC, sabem que diariamente toneladas de lixo são postas nas calçadas das ruas. Hoje, a exemplo de inúmeros serviços, o de lixo não operou. Com o vento de 80 a 90 milhas por hora e os alagamentos, dá para se imaginar um quadro orgânico nada sedutor. Na frente política, ninguém sabe se este abacaxi incomensurável auxiliará o Mitt Romney diante de uma insatisfação generalizada que está por vir ou se sobressairá o papel de commander in chief do Barak Obama diante da catástrofe sem precedentes. Que tal reação da natureza - somadas a outras que vemos cada vez mais mundo afora – sirva de lição para o ser humano, sobretudo para políticos de plantão que só pensam no resultado imediato das próximas eleições e não no bem estar das próximas gerações. A natureza está reagindo e se o está é porque está sendo, de uma forma ou de outra, agredida. Diante da natureza, somos todos muito pequenos. Ela revela uma característica comum: deixa-nos a todos democrática e impotentemente iguais, mesmo os poderosos de Brasília ou de Washington, D.C. Mauricio Gomm Santos, advogado, professor da Universidade de Miami.

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